África só é segura sem aventura; veja dicas para quem vai à Copa
Folha On line
Controle o instinto aventureiro. Permaneça próximo à "bolha" de segurança, a ser criada perto de estádios, hotéis e restaurantes. E o fundamental: não faça nada que você não faria no Rio ou em São Paulo.
Fifa, governo sul-africano e estudiosos da violência no país concordam que essas três regras gerais serão suficientes para o turista manter-se seguro durante a Copa do Mundo.
Os índices de criminalidade assustam, e com bom motivo. Sob qualquer ponto de vista, a África do Sul é um dos países mais violentos do mundo. Mas há maneiras de qualificar essa realidade. "Cerca de 85% dos crimes cometidos na África do Sul ocorrem entre pessoas que se conhecem. Estrangeiros são raramente o alvo", afirma Yvette Geyer, pesquisadora ligada ao Instituto para Democracia na África do Sul.
O número de assassinatos, assaltos e sequestros caiu com relação ao pico da insegurança, nos primeiros anos do século (a exceção são crimes sexuais, que ainda intrigam especialistas).
O índice de homicídios na Província de Gauteng, onde ficam Johannesburgo e Pretória (37 por 100 mil habitantes), é hoje parecido com o do Rio (31 por 100 mil). E menor que o de algumas capitais nordestinas.
A queda na criminalidade sul-africana é resultado principalmente de grandes investimentos em policiamento e da inclusão de jovens no mercado de trabalho desde o fim do apartheid, em 1994. Durante a Copa, 44 mil policiais estarão dedicados exclusivamente à segurança dos jogos, blindando as rotas mais utilizadas pelos turistas. Nesses pontos, a criminalidade tende a ser mínima.
"Ninguém será atacado apenas porque colocou o pé fora do hotel", afirma David Bruce, pesquisador do Centro para Estudo da Violência e Reconciliação. "A menos que você aja de maneira aventureira e irresponsável, você não tem com o que se preocupar", diz.
Henri Boshoff, analista do Instituto de Estudos de Segurança, vai mais longe: "Turistas não devem ir aonde não precisam ir", declara.
Traduzindo em situações concretas, não é uma boa ideia passear sozinho em favelas ou bairros afastados, andar pelos decadentes centros das grandes cidades ou por áreas isoladas durante a noite.
Os interessados em tours culturais nas famosas "townships" sul-africanas --como o Soweto (Johannesburgo) ou Cape Flats (Cidade do Cabo)-- não devem evitar o passeio, mas sempre fazê-lo na companhia de um guia. Várias agências organizam visitas.
A imagem de um país totalmente conflagrado também é falsa. A criminalidade está concentrada em certas cidades. Das sedes da Copa do Mundo, três merecem atenção especial --pela ordem, Johannesburgo, Durban e Cidade do Cabo. Ainda assim, a violência está em alguns bairros, regiões e horários. Outras sedes, como Port Elizabeth, Bloemfontein e Nelspruit são em geral seguras.
Outro problema é a proximidade entre áreas seguras e perigosas. Em Johannesburgo, o bairro barra-pesada de Alexandra, por exemplo, está separado do distrito de Sandton, onde fica a maioria dos hotéis, apenas por uma via expressa.
"É importante sempre pedir informação aos moradores locais antes de ir a algum lugar. O mais provável é que os turistas acabem ficando até cautelosos demais na Copa", diz Bruce.