Agregados do couro devem trazer riquezas para Brasil

06/08/2004 08:15

 

Curtume vai produzir peles exóticas de qualidade em Campo Grande


Gilmar Hernandes

Campo Grande vai ganhar em breve um curtume para a produção de peles exóticas de carneiro, jacaré, avestruz e cabrito. O empreendimento agregará valores para que o produto seja vendido no exterior como couro de qualidade e com cores variadas. De acordo com o empresário italiano Gravagna Leo, que em uma das visitas ao País, há oito meses, passou a comprar couro da Qualidade Comércio de Exportação, o produto brasileiro precisa agregar valores para ganhar qualidade. "Compramos 15 mil metros de peles por mês de diversos pontos do Brasil. Essa matéria prima não era utilizada e não tinha valor de mercado". 

O couro comercializado em função da parceria da Itália com o Brasil é proveniente do nascimento dos bezerros. A bolsa de gestação do animal, antes jogada fora, é reaproveitada como matéria prima. Na Itália, o produto é transformado em pele fina com o auxílio de alta tecnologia, que depois pode virar sapatos finos, com preços que variam de US$ 500 a US$ 2.000 o par. "O que antes era lixo virou produto de qualidade e para isso é preciso utilizar alta tecnologia", conta Leo.
A parceria da Qualidade com o empresário italiano é conseqüência do potencial de matéria-prima existente no Brasil, em especial em Mato Grosso do Sul. Os técnicos italianos estão há 90 dias em Campo Grande. Hoje, a empresa aguarda somente o benefício fiscal do governo do Estado para iniciar atividades e a produção de couro exótico. 

De acordo com o proprietário da Qualidade, Jaime Vallér, a empresa quer se especializar em peles bovinas e em couros exóticos de qualidade. O empresário Gravagna Leo ressalta que, com a tecnologia da Itália, a empresa brasileira dará valor ao produto cinco vezes maior, ou seja, sem valor agregado, a pele brasileira tem potencial de comercialização de 15 mil metros e, com a transformação, agregando valores, pode chegar a 80 mil metros por mês. Como faltam peles no mercado mundial, Leo acredita que "tudo o que for produzido terá mercado garantido na Europa".

Falta pele para aumentar as exportações para a Europa

Há dois meses representando na Europa as empresas brasileiras Qualidade e a Leather Têxtil Brazil, Gianantonio Vergolani está no Brasil para conhecer as instalações das duas companhias. Segundo ele, agregar valor ao couro no País será importante para o mercado internacional. 
"Muito couro brasileiro é vendido para a Europa no estágio primário (wet blue)", diz Vergolani. Com a parceria entre Gravagna Leo e Jaime Vallér "será possível oferecer qualidade nas peles brasileiras diretamente para o mundo, aumentando o valor do produto exportado e beneficiando o Brasil", explica Vergolani.

A partir de setembro ele deve iniciar a venda de peles utilizadas para a produção de sofás, importadas da Leather, sediada em Curitiba, com a qual a Qualidade, de Campo Grande, tem parceria. A estimativa indica que será possível a comercialização de 20 mil metros de couros por mês, com o objetivo de aumentar as vendas para 100 mil metros mensais até o fim do ano. "Esse aumento só não será maior porque não há possibilidade elevar a produção no Brasil até dezembro", ressalta Vergolani.

A meta do representante de vendas na Itália é que em 2005 sejam comercializados 200 mil metros de peles por mês para os Estados Unidos, Europa e China. "Mato Grosso do Sul tem um excelente potencial na produção de couro, mas ela ainda é baixa, porque falta conhecimento para a venda do produto acabado, atribuindo valor ao couro simples".