33ª edição
Há mais de 30 anos não se vê uma chuva tão forte como a que cai no Rio de Janeiro desde segunda, 5 de abril. Sem dúvida, é uma quantidade enorme de água caindo do céu. Porém, não dá mais para se aceitar que as ôtoridades fiquem sentadinhas em seus gabinetes esperando a chuva chegar e ir embora. Sempre que chove ocorrem os mesmo problemas por aqui. A água não escoa porque os bueiros estão entupidos de lixo que nós mesmo jogamos em qualquer lugar e a prefeitura não os mantém desobstruídos. A limpeza de bueiros é sempre emergencial, após as tragédias. Deve ser constante, assim como a população tem que ser educada para não jogar lixo em qualquer lugar. Especificamente desta vez, a chuva forte por mais de 24 horas se combinou à maré alta. Contudo, não vivemos nas épocas de poucos recursos tecnológicos e nenhuma observação de fenômenos naturais. A prontidão pode e deve ser anterior, e não mais posterior como ainda é. Não vivemos na era da ignorância, mas, parece que pouco e mal usamos mecanismos técnicos de prevenção de tragédias anunciadas. Na terça 6, em meio aos estragos, ainda não parou de chover por aqui não...Então, sigo repetindo: Nosso clima era decisão deles, dos líderes políticos, agora a decisão tem que ser ainda mais nossa. É tempo de entendimento entre nós e a natureza. Por isso, aceite sempre nosso convite, leia e compartilhe como é lógico dar eco à sustentabilidade.
Entre montanhas e o oceano...
O estado do Rio de Janeiro cresceu meio que entre as imponentes Serra da Mantiqueira e Serra do Mar. Nossos horizontes são montanhas e oceano. Por isso, é tão úmido aqui e chove bastante.
A população ocupa as encostas do Rio sem noção ou com noção, com habite-se ou sem habite-se, no risco. Risco administrado entre votos e propinas. Risco omitido no desrespeito à leis ou em sua mudança. A ocupação irregular e de risco é incentivada até por ôtoridades ávidas por faturar votinhos e/ou propinas.
Deslizamentos, portanto, são eventos prováveis. Viram catástrofes trágicas quando a irresponsabilidade dos administradores públicos se combina ao tempo natural dos fenômenos climáticos e geológicos. E piora tudo quando o clima no planeta já está mudado o suficiente para tornar fenômenos naturais mais fortes.
Então, bora cobrar das ôtoridades que ouçam os técnicos, que decidam com base técnica e não eleitoreira e populista, e que tenham responsabilidade para investir devidamente o sagrado dinheirinho dos nossos impostos. Em cada pedacinho do Brasil...
Culpar a chuva o caramba, responsáveis são aqueles que elegemos para administrar o lugar em que vivemos.
E responsáveis somos nós também, por nos conformarmos com o improviso e não reivindicarmos nossos direitos.
Olha que interessante, tem exemplo de 1854 na matéria sobre o costume de se responsabilizar a natureza por problemas: https://oglobo.globo.com/rio/mat/2010/03/27/para-justificar-mau-servico-empresas-apostam-em-desculpas-esfarrapadas-916188684.asp
Ajude seu prefeito a prevenir e administrar soluções
A elaboração do Mapa Geoambiental do estado do Rio de Janeiro embasou a criação de curso de Capacitação para técnicos municipais em prevenção e gerenciamento de risco de desastres naturais. Conforme divulgado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), o curso foi criado em parceria com o Ministério das Cidades.
Ótimo. Pelo que vemos desde o início do ano, essa capacitação de técnicos nos municípios é importante pra dedéu.
Seu prefeito já inscreveu lá o seu município para capacitar técnicos aí?
Pois cobre do prefeito que a administração se empenhe para conseguir treinar os técnicos do município. Fale com vereadores e amigos que trabalhem na prefeitura ou em alguma secretaria. Não espere, converse com vizinhos, chacoalhe o lugar em que você mora para defender seus direitos.
Em tempo: O diagnóstico geológico e ambiental do Rio é estudo publicado em 2001.
O curso de capacitação existe desde 2005 - até 2008 foram realizadas apenas 6 edições [https://www.cidades.gov.br/secretarias-nacionais/programas-urbanos/Imprensa/prevencao-de-riscos/noticias-2008/junho/curso-de-prevencao-e-gerenciamento-de-riscos-de-desastres-naturais-tem-sua-6a-edicao/].
E é de janeiro desse ano a notícia mais recente sobre esse curso no site do ministério das Cidades: https://www.cidades.gov.br/secretarias-nacionais/programas-urbanos/Imprensa/prevencao-de-riscos/noticias-2010/janeiro-1/drm-aprova-projeto-no-ministerio-das-cidades-para-cursos-na-area-de-risco/
Prefeito e secretários do seu município são responsáveis pela administração de problemas e soluções
Quando ocorre problema, a culpa é da chuva. E basta publicar uma fotinha com o governador, o presidente e a candidata deles com a legenda governo federal libera tantos mil pra cidade alagada pela chuva? Negativo.
Você tem o poder de evitar que continue sendo assim. É votando e é exercendo sua cidadania. Reivindique soluções.
Em 81% dos municípios do estado do Rio de Janeiro há risco geológico, em maior ou menor grau.
75 entre 92 municípios fluminenses teem risco conhecido ou potencial de movimentos de massa e/ou de inundações, em maior ou menor intensidade [considerando critérios de relevo, pluviosidade e ocupação dos espaços territoriais].
As ôtoridades do seu município sabem disso? Pergunte...Pressione a Câmara Municipal. Prefeitos e Vereadores precisam conhecer os riscos naturais do município e investir para prevenir tragédias. Assim, são administrados problemas e soluções.
Fonte consultada: https://oglobo.globo.com/rio/mat/2010/01/09/o-mapa-das-areas-de-risco-das-cidades-do-rio-915497198.asp
Sugestão pro seu Cabral:
Que o Mapa Geoambiental do Rio de Janeiro seja livro de cabeceira do governador do Estado. Ele pode aproveitar e presentear os prefeitos com o estudo técnico elaborado, em 2001, pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB).
Inacreditável e surreal
"Nós temos agora que esperar passar a chuva", diz o presidente do nosso país. Nossa, que sabedoria.
E segue com o proselitismo: "E temos que tentar fazer aos poucos o sistema de drenagem funcionar". Aos poucos, tentar?
Infelizmente, não gostamos de lembrar do passado. Se cultivássemos a memória histórica nos lembraríamos que no início do governo lula o Rio de Janeiro sofreu com a falta de investimentos do governo federal no estado.
E não é a propaganda de obras do PAC que resolve problemas seculares da capital e do Estado.
"Quando acontece uma desgraça, acontece", sentencia o presidente. E aviltante e irresponsavelmente ainda tem a cara de pau de afirmar: "O rio de janeiro está preparado para fazer a Copa do Mundo e as Olimpíadas com tranquilidade".
Ahan...