Protocolo sobre colesterol no Brasil gera controvérsia

03/02/2011 10:57

Folha.com

 

Há uma polêmica em curso no Brasil sobre como tratar pacientes com índices elevados de colesterol no sangue (dislipidemias).

O ministério está elaborando um novo documento, mas não consultou a Sociedade Brasileira de Cardiologia, que já tem uma diretriz pronta sobre o tema.

Os cardiologistas dizem que, seguindo as novas recomendações do ministério, o SUS estará tratando mal os pacientes.

Um dos problemas seria o ministério considerar o nível ótimo do LDL (colesterol ruim) como inferior a 100 mg/ dL (miligramas por decilitro de sangue).

A SBC preconiza um nível ótimo muito mais baixo, inferior a 70, segundo Jadelson de Andrade, coordenador das diretrizes da SBC.

Os cardiologistas também discordam de o ministério não incluir no documento a dislipidemia de base genética (hipercolesterolemia familiar), em que há tendência a altos níveis de colesterol, independentemente da dieta ou exercício.

A proposta da SBC é que pacientes com o problema recebam a medicação gratuitamente no SUS, em razão do alto risco de eventos cardiovasculares.

Inez Gadelha, do Ministério da Saúde, afirma que o ministério consultou as melhores bibliotecas virtuais, como a Cochrane e a Pubmed, para elaborar o protocolo e que não é praxe ouvir as sociedades médicas na fase inicial do documento.

Ela afirma que a SBC apresentou contribuições durante a fase de consulta pública, que terminou no mês passado, "Assim como todas as demais apresentadas, essas contribuições serão analisadas e avaliadas, com base em critérios técnico-científicos."

Segundo Gadelha, o grupo técnico que elabora o protocolo assina um termo de confidencialidade para que não sejam assediados ou sofram interferências na elaboração do documento.

E a coordenação do grupo técnico, que faz o julgamento final dos trabalhos, é isenta de conflitos.